domingo, 1 de fevereiro de 2009

AUSTRALIAN OPEN 2009 - COMENTÁRIOS PÓS-FINAL

Não preciso falar muito da final vencida por Nadal sobre Federer e nem de análises técnicas da partida. Isso todos os meios de comunicação sobre esportes já divulgaram, em linhas produzidas por pessoas infinitamente mais gabaritadas que eu. Então, vamos ao enfoque puramente pessoal, tecendo algumas reflexões sobre o que aconteceu nessas duas semanas do primeiro Grand Slam do ano:

* FINAL FEMININA: Alguém viu a Safina entrar na quadra?! Vendo a gritante diferença de nível técnico e emocional entre a final feminina e masculina, não há como não concluir que o tênis feminino está precisando desesperadamente de uma rivalidade da estirpe dos duelos de Steffi Graf x Monica Seles;

* DJOKOVIC: Como eu havia dito no post de expectativas, no ano passado, com o campeonato na Austrália, surgiu como a esperada "terceira força" para fazer frente ao monopólio da dupla Federer-Nadal; mas a temporada de saibro e grama funcionou como um funesto ponto de inflexão que nos fez perder totalmente a confiança naquele jogador até então em ascensão, que tinha sido o melhor do circuito no primeiro quadrimestre. Djokovic precisa urgentemente buscar uma estabilidade em alto nível, senão vai estacionar num melancólico ponto intermediário tal qual uma espécie de "versão melhorada" do insípido russo Davydenko (que, apesar de ser um constante top 10 nos últimos anos, não vai deixar saudades em ninguém...);

* MURRAY: Traindo a bolsa de apostas e minhas próprias expectativas, por enquanto provou que é a maior expecatativa do tênis, mas que ainda não chegou a hora de encarar frente-a-frente os maiores em quadra. É verdade que ele já havia dado uma alegada "amarelada" na final do US Open-2008, perdendo facilmente para um Federer necessitado de um resultado consistente para apagar os fracassos da temporada. Mas, desta vez, pelo menos, não perdeu feio: foi eliminado pela grande surpresa do torneio. Vamos dar um crédito ao rapaz, que ainda tem nossa esperança de se tornar "gente grande" vencendo algum Grand Slam dos, digamos, próximos 2 anos;

*VERDASCO: Indubitavelmente, a grande e grata surpresa desse torneio que é famoso por apresentar surpresas. Faltou muito pouco para passar pelo virtual campeão Nadal, a quem vendeu caríssimo a vitória. Foi a maior prova de como o mental pode transformar uma pessoa: em poucos meses, da vitória na Copa Davis pra cá, passando por um surpreendente aconselhamento relâmpago com o legendário Andre Agassi, esse espanhol apresentou um salto quântico no nível do jogo. Se mantiver esse padrão, tem tudo para brilhar. Mas não sabemos ainda se ele tem tempo e disposição para fazê-lo, afinal, não é nenhum garoto em termos de esporte, tem 25 anos e meio (estando, assim, mais para "aposentando" que "revelação"). De qualquer forma, co-protagonizou um jogo histórico com o compatriota Nadal;

*FEDERER: Fez um torneio quase irrepreensível, inclusive se superando ao virar o jogo contra Berdichy. Ao ganhar facilmente do freguês Rodick, contando ainda com um dia a mais de descanso que um exausto Nadal (que foi levado ao extremo no jogo com Verdasco), quase todos tinham como favas contadas seu tretracampeonato em Melbourne. O que ninguém "combinou com os russos" foi o fato de que, do outro lado da rede, na final, estava exatamente o touro espanhol. Federer, que já é lenda viva do tênis, provou mais uma vez que treme diante do antigo rei do saibro e ainda nos fez ficar surpresos com um desabamento em lágrimas, que pode ser visto sob a ótica de duas faces da moeda vitória/derrota: se por um lado mostra sua humanidade e propiciou uma tocante oportunidade para que Nadal mostrasse uma nobreza ímpar na sua solidariedade, nos deixa estupefatos demonstrando um atitude de garoto mimado que não sabe perder e que infantilmente se pensa como único eterno ganhador;










À esquerda, Federer, após perder e interromper seu discurso desabando em choro, tenta se conter vendo a taça de campeão sendo levada a Nadal. À direita, o campeão Nadal abraça Federer, se solidarizando e trazendo a nós o que há de mais cavalheiresco nesse esporte de nobreza par excellence que é o tênis.

*NADAL: Só mesmo os mais ferrenhos "nadalistas" esperavam que tudo acontecesse dessa forma. Eu, que sou um declarado torcedor desse espanhol, fui "mais realista que o rei" e foquei mais as limitações que as superações do rapaz. Também, seu retrospecto nos Slams de quadra dura não eram dos melhores se comparados com os de Roland Garros e Wimbledom. Mas ele já havia aprontado em Master Series e nas Olimpíadas, dando noções de seu real potencial. Vou deixar para comentar das virtudes do Nadal em posts futuros, então só vou falar duas coisas aqui: 1) Ele é um exemplo para todos em geral, e para os jovens e crianças em particular, não só no esporte, mas para a vida como um todo; 2) Podem crer: Nadal não veio ao mundo a passeio...

Acima, Nadal faz da quadra o berço de um herói: se joga ao chão com o alívio dos vencedores, logo após conseguir o match point - ou melhor, o champioship point.

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