Para ilustrar esse post, escolhi uma expressiva pintura de Guido Reni, que se encontra no Museo del Prado, Madrid (foto do acervo pessoal, tirada in loco pelo blogueiro).
Curiosamente, ele não morreu dessa forma: seu corpo cravado de flechas foi miraculosamente tratado por uma piedosa cristã, Santa Irene (uma fiel que também foi canonizada). Totalmente restabelecido, Sebastião, para total espanto do Imperador, apresentou-se novamente diante dele, defendendo seus ideais; dessa vez, foi açoitado até a morte. É considerado o protetor contra a peste e epidemias. Mas há controvérsias: o lado “B” da história sustenta que a morte de Sebastião teria sido o ato final de uma trágica trama de paixão e ódio entre ele e o Imperador – por essa razão, ao arrepio da Santa Madra(sta) Igreja, o santo foi tomado como padroeiro dos homossexuais e, por extensão, dos marginalizados em geral. De qualquer forma, mesmo os dados canônicos são incertos – daí ser correto usar exatamente o termo hagiografia, pois não há como falar em biografia histórica. De forma surpreendente e, a princípio, incompreensível, a iconografia clássica do santo acabou sendo utilizada com um viés sexual, erotizando seu martírio. Alguns dos inúmeros quadros que lhe foram dedicadas (e ele foi um dos personagens religiosos mais retratados na história da pintura) chegam a desconcertar pela mistura de dor e sedução. Mas, depois de Freud, não há o que não possa ser explicado. E essa sexualização se disseminou no imaginário popular - vejam só, me lembro até que o Paulo Ricardo pós-RPM fez um álbum intitulado “O amor me escolheu”, no qual aparece na capa caracterizado como São Sebastião...
Nenhum comentário:
Postar um comentário