sábado, 31 de janeiro de 2009

"Hit Parade" x "MÚSICA": diferenças dos marcadores

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Embora os assuntos de "Hit Parade" sempre se refiram a músicas, há um a diferença entre esse marcador e o de "MÚSICA":
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HIT PARADE: textos apenas informando o que estou ouvindo em alguns momentos, nos quais, a princípio, apenas menciono os nomes das músicas ou conjuntos/cantores, sem grandes análises;
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MUSICA: aqui sim, cabem textos ou reflexões específicas sobre músicas em geral ou sobre alguma em particular, bem como qualquer post sobre o assunto.
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Está explicado!
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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

"GUERNICA", de PABLO PICASSO - I : a cidade e os fatos

O quadro “GUERNICA” foi pintado por Pablo Picasso para a Exposição Internacional de Paris de 1937. Antes de falarmos do quadro em si, para entendermos os vários níveis de entendimento dessa obra-prima, é primordial nos situarmos historicamente no contexto onde ela foi gerada, ainda que de uma forma resumida – tarefa desse primeiro post sobre o assunto. A década de 1930 foi um período complicado para a acomodação de forças das potências européias, destacadamente com a sombria ascensão do nazi-fascismo. Nesse âmbito, ocorreu a Guerra Civil Espanhola, iniciada em 1936 com a revolta de líderes do Exército contra as crescentes tendências socialistas e anticlericais do governo da Frente Popular Republicana, do presidente Manuel Azaña (que havia obtido grande vitória nas eleições). Essa guerra é considerada como um caso paradigmático da batalha ideológica entre adeptos do nazi-fascismo e do socialismo de todo o mundo. Aliás, a parte “socialista” , além de grande apoio ideológico internacional, chegou a contar por um tempo com efetiva ajuda soviética. Por sua vez, os direitistas - englobando os clássicos setores “tradicionalistas”, tais como os monarquistas, católicos e militares - foram apoiados pela Alemanha e a Itália, que reconheceram o governo instalado por Francisco Franco em 1º de outubro de 1936, ainda com a Guerra Civil recém-iniciada e em pleno andamento – esta seria oficialmente encerrada apenas em março de 1939, com a instalação do regime autoritário do “generalíssimo” Franco, que perdurou até seu falecimento, em 1975. No pós-guerra, esse regime ditatorial sufocou toda oposição e, ao invés de buscar uma reconstrução nacional que contasse com a união de vencedores e vencidos, não abdicou da perseguição e deixou um rastro de execuções dos derrotados. Pois bem, nesse obscuro jogo de poderes, aviões alemães (com participação italiana), em apoio a Franco, bombardearam a cidade espanhola de Guernica, na Província Basca, em 26 de abril de 1937. É difícil falar em número de vítimas; em pesquisas que efetuei, mesmo a população da cidade não é precisamente determinada (podemos supor 5.000 habitantes como número razoável, de qualquer forma, todas as fontes concordam ser menos de 10.000); a estimativa de mortos, por sua vez, varia de cerca de 120 pessoas (fontes tendenciosamente “direitistas”) a 1.650 ou ainda mais (fontes tendenciosamente “esquerdistas”). Independentemente da controvérsia de números, a destrição se abateu sobre a cidade e criou um imbróglio no qual nem Franco e nem nazistas queriam assumir a culpa. Na época, foi muito propagado o fato de a localidade não ter nenhuma relevância militar, o que causou estupor na comunidade internacional; mas o lado “direitista” da história argumenta que a região era de indústria de armamentos bélicos, que seriam o alvo do bombardeio, sendo que a parte civil havia sido atingida “por acidente”. O comandante-chefe alemão Herman Goering, posteriormente, nos julgamentos de Nuremberg, em 1946, mesmo não assumindo culpa por Guernica, reconheceu que a Guerra na Espanha foi utilizada como campo de teste para a aviação alemã obter experiência. Podemos dizer, portanto, que Guernica foi um caso macabro de tubo-de-ensaio. E esse não havia sido o primeiro desses ataques: embora seja pouco comentado atualmente, outra cidade basca, Durango, havia sido bombardeada, alegadamente com cerca de 300 mortos. Chega a ser lastimavelmente irônico que essa ação de destruição franquista, tornada símbolo da violência na Guerra Civil Espanhola, tenha ocorrido exatamente numa província na qual “mais de metade da sua população apoiou de armas na mão a opção franquista”, conforme apontou o acadêmico basco Mikel Azurmendi. Infelizmente, o principal legado desse “teste de laboratório” foi o desencadeamento dos bombardeios maciços, durante a II Guerra Mundial, englobando mesmo alvos civis com devastadora “eficiência” – algo que se voltou contra os próprios alemães, como demonstraria a ação anglo-americana sobre Dresden, em fevereiro de 1945. Antes mesmo da imortal obra de Picasso, o grande responsável para que os fatos de Guernica fossem conhecidos pelo mundo inteiro foi o jornalista George Steer, correspondente de guerra do diário londrino “The Times”, que chegou à cidade algumas horas após o bombardeio e telegrafou, na mesma noite, uma matéria que foi publicada no dia seguinte (ou seja, 27/04/1937) naquele jornal e no “The New York Times”, causando instantânea mobilização internacional. A matéria teve o enunciativo título de “A Tragédia de Guernica - Cidade Destruída em Ataque Aéreo Relato de uma Testemunha Ocular”. Na foto acima, reproduzimos a capa do livro "Telegrama de Guernica: a extraordinária vida de George Steer, correspondente de guerra", de autoria de Nicholas Rankin.

ECOS DA ÍNDIA IV

Após passar o ano-novo na cidade de Cochin, nosso enviado especial se estabeleceu na nossa já conhecida Kannur para a primeira etapa formal de sua viagem: três semanas de curso em tempo integral, complementando o curso que ele vinha fazendo no Brasil (num ritmo de um final-de-semana intensivo por mês). O idioma corrente em Kannur chama-se malayalam. Na Índia, se acostumem, há uma miríade de idiomas (dependendo da forma de contar, como idioma ou como dialeto, pode girar em torno de 400!), sendo que o hindi é apenas o principal deles: há 22 idiomas oficiais nacionais – além de outras 18 que a Constituição considera como línguas regionais. Embora o inglês tenha sofrido forte resistência no clima pós-independência, por questões práticas ele continua sendo utilizado, principalmente na esfera dos negócios, da alta administração e de pesquisas de ponta – a Índia, por exemplo, é reconhecidamente terra de grandes desenvolvimento na área de software. Voltando ao curso do Luis, as aulas foram puxadas e formais. Os professores, ainda que sorridentes e bem-humorados como todos os indianos, eram muito exigentes, inclusive em questões de disciplina escolar: por exemplo, para se ir ao banheiro, era preciso levantar e pedir licença! Os estudos exigiram dedicação quase total: além da aula, era necessário estudar em casa à noite, senão o aluno ficava perdido com o volume de matéria e não conseguia acompanhar o ritmo requerido. O grupo de brasileiros conseguiu estabelecer um ótimo entrosamento, o que foi um alívio para ele. E eu complemento com minha experiência pessoal: todos que já viajaram em grupo sabem como uma estada de viagem, principalmente por um tempo mais longo que um final-de-semana, pode vir a criar pequenas rusgas que, com o atrito constante, de faíscas, acabam tomando proporções de incêndios. Para evitar esse problemas, no entanto, basta bom senso, muito humor e prática de vida em comunidade (algo que muitas pessoas não possuem, infelizmente). O local do curso era um college, distante cerca de 3 km do local de estadia. Aproveitando essa distância, ele normalmente fazia o caminho andando, ou então usando o rickshaw, uma forma de moto extremamente usada como transporte, que comporta o motorista e até três passageiros. Mesmo os atos comuns do dia-a-dia, tais como esses deslocamentos para a escola, pediam atenção constante. O Luis diz que há uma poluição onipresente e em todos os sentidos (ambiental, sonora, visual). Talvez pela mistura do calor com a
Cara e coroa: duas versões do "rickshaw". À esquerda, um motorizado, de uma frota mais moderna; o da direita, bem mias rudimentar, à tração humana, nas ruas de Calcutá.
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atmosfera caótica, ele diz ser impossível sair às ruas entre 11 e 16 horas. Além da constante multidão de transeuntes, fazendo do ato de se locomover uma arte, o trânsito, como já comentamos, é infernal: na direção, as regras nativas incluem o desuso do retrovisor e a multifuncionalidade das buzinas, que fazem um coro ensurdecedor. Por exemplo: quem quer ultrapassar alguém tem a obrigação de avisar que quer ultrapassar... buzinando (com direito a pára-choques com a advertência “buzine por favor!”). Ah, ele informa um dos seus passatempos mais constantes: ir ao supermercado. Dessa forma, ele ia averiguar os hábitos de consumo indianos e, em particular, os produtos ayurvédicos nas prateleiras, produtos esses muito cobiçados no exterior (inclusive no Brasil) pelos estudandes sérios da Ayurveda – obviamente, mais raros e caros fora da Índia devido aos trâmites do comércio internacional. Esse curioso passatempo, na verdade, não é uma novidade para mim: um colega de trabalho já havia me dado um toque que a esposa dele adora ir nos supermercados de todos os lugares que visita. Segundo ela, é a melhor forma de entrar no cotidiano das pessoas. Acho que faz sentido – embora eu nunca tenha freqüentado supermercados nas minhas viagens, me utilizo sempre de expedientes similares, buscando o cotidiano nas situações corriqueiras das pessoas de cada local (o que e onde elas comem? como se deslocam? o que fazem nas horas vagas? como são os bairros fora do circuito turístico?). Então, fica a dica de incorporar os supermercados entre os pontos preferenciais para se apreender os aspectos cotidianos da cultura local de cada povo. Nos próximos posts, vamos dar continuidade abordando os hábitos das pessoas e mais características dos lugares, bem como o final do curso em Kannur, ocorrido no final da semana passada.

domingo, 25 de janeiro de 2009

OUVINDO NA CHUVA - 25/01/09 - B´ROCK

Hoje é domingo, acabei de almoçar e tomar banho e começa uma boa chuva lá fora, o que vai atrasar meu passeio pela cidade - curto muito andar nos dias de folga. De qualquer forma, sempre podemos contar com a música. Tenho uma antologia em três volumes chamada "Bach to New Wave", só com músicas nacionais. Num futuro post prometo comentar a inadequação desse título, mas no momento basta falar que, na verdade, a antologia trata do nosso velho e bom B´Rock. Para quem não viveu os anos 80, vou traduzir: foi o boom que a forma brasileira de fazer rock viveu naquela década. Eu estava ouvindo o volume 3, que tem doze músicas variadas que vão de "Um Amor de Verão" (1981-Rádio Taxi) até "Uma Barata Chamada Kafka" (1989-Inimigos do Rei). Entre elas, a irreverente "Taca a Mãe Pra Ver se Quica" (1985-Dr. Silvana & Cia), a poética "Como uma Onda no Mar" (1983-Lulu Santos) e um dos maiores sucessos da época, "Tudo Pode Mudar" (1985-Metrô), aquela música em que a vocalista Virgínia fica filosofando sobre a espera do amor ("...e no balanço das horas tudo pode mudar... acho que ele não vem, que ele não vem não, mas será que ele virá" ). Entre as outras faixas, uma que gosto muito é "A vida tem dessas coisas" (1983) que não foi o maior sucesso do Ritchie (posição que cabe a "Menina Veneno", claro). No entanto, a música que mais estava com vontade de ouvir - e tive de fazê-lo fora do cd da antologia - foi "Telefone", da Gang 90 & Absurdettes (alguém lembra disso?!) - lançada no mesmo álbum de "Nosso Louco Amor" (música muito tocada porque foi tema de abertura da novela homônima). "Telefone" tem um ritmo envolvente e me faz lembrar muito aquela época, mais de duas décadas e meia atrás! O tempo passa, o tempo voa... (inclusive pro Bamerindus!). Se quiserem matar as saudades, podem ir direto pro youtube: http://www.youtube.com/watch?v=_zmeRTUkCX0 . Em tempo, enquanto escrevi o post a chuva passou - ensaia sair até um solzinho.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

ECOS DA ÍNDIA III

Vamos, então, aos primeiros relatos de aventuras pelas quais o Luís passou nesse mergulho ayurvédico. Ele aportou na Índia entre o Natal e o Ano Novo de 2008, com destino à sua primeira estada-base: Kannur (o ponto vermelho no mapa de orientação reproduzido logo abaixo) é um distrito que fica localizado no estado de Kerala e constitui-se um dos berços da ayurveda. Para chegar a esse destino final, ele teve de viajar 42 horas! Ou seja, uma viagem de imersão como essa à “Índia profunda” requer muita disposição física e vontade inabalável - aliás, duas coisas que o nosso enviado especial têm demonstrado em todos os momentos dessa expedição. Foi uma verdadeira jornada e a última etapa, por exemplo, foi cumprida num microônibus, em meio a caminhos de trânsito caótico; ele se sentiu dentro de uma incrível experiência virtual, povoada, em suas próprias palavras, por “motos-richkshaws, caminhoes, vacas, onibus escolares, linhas de trens o tempo todo, carros indianos parecendo russos.... todo tipo de pedestre na pista...”. E faz a consideração que os indianos devem estar entre os melhores motoristas do mundo, pois, mesmo nessa babel de deslocamentos, não presenciou simplesmente nenhum acidente! Por fim, entre mortos e feridos, salvaram-se todos: a tropa brasileira chegou ilesa a seu destino. Já estabelecido em terra firme, somos brindados, com suas primeiras impressões: diz que o contato inicial com o ambiente produz um grande impacto, pois definitivamente não parece familiar a nada que nós, ocidentais, pensamos conhecer a respeito do oriente. Nem mesmo viagens anteriores a lugares distantes no “interiorzão” brasileiro ajudaram tanto a prepará-lo – nem muito menos se informar por meio de guias turísticos, de imagens de cinema e documentários. Claro que se pode ter uma narrativa mais vívida por meio de testemunhos de pessoas que já foram para lá, isso coloca a imaginação para funcionar, mas ainda fica ausente o principal: o contato dos sentidos com a realidade como ela é. E essa realidade indiana, ousando por minha conta a traduzir as impressões do Luís, impõe uma “violência poética” como forma de pedágio para se penetrar naquele mundo insuspeito e totalmente alheio aos nossos hábitos. Sendo um viajante sem muitas reservas que possam atrapalhar sua adaptação ao habitat, apesar de um estranhamento inicial, ele logo se adaptou da forma como um estrangeiro flexível pode fazer. Mas nem todos reagem de forma tão mimética em tão novas condições: ele conta que alguns integrantes do grupo “piraram”, entrando numa espécie de curto-circuito. Nesse ambiente que pede capacidade de adaptação, no entanto, ele foi enfático ao apontar uma característica essencial dos indianos: a alegria! Segundo diz, a alegria torna-se algo essencial para se viver e conviver num contexto de condições tão adversas – e eu, viajando nas palavras do Luís, penso que talvez seja “uma alegria difícil, mas que se chama alegria”, só para utilizar uma frase de Clarice Lispector, escrita na epígrafe de seu livro “A Paixão Segundo G.H”. Voltando aos indianos, eles são pessoas gentis, sempre recebendo os outros com um sorriso e fazendo da sua condição, seja lá qual for ela, um motivo de contetamento de viver. E, num conselho de grande sabedoria genuinamente oriunda de sua experiência, o Luís dá a receita para nós, interessados em também ir à Índia algum dia: o segredo é “se entregar” – o que me lembrou uma famosa declaração, novamente de Clarice Lispector: “renda-se, como eu me rendi; mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei; não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”.

Discorrendo sobre dados mais concretos desse realidade, ele informa que Kannur (acima, uma vista de uma praia, em foto retirada do site oficial) é uma cidade pequena, totalmente inserida na sua tradição ayurvédica, com grande parte de sua vida voltada para essa vocação para a saúde e a terapêutica, havendo muitos médicos, farmácias, lojas de utensílios especializados... percebe-se que esse é o próprio ethos do local, e todos, de alguma forma, estão inseridos nessa cadeia de conhecimentos, através do qual vivem/sobrevivem. O clima é tropicalíssimo: mesmo em pleno inverno, a temperatura era de 33º celsius! Esse fato me pareceu um certo atrativo do local, pois prefiro o verão ao inverno e temperaturas extremas “para cima” às “para baixo”. Para nos ajudar a se situar melhor, fui ao google buscar outras informações a respeito de Kannnur e descobri que a cidade, que está à margens do Mar da Arábia, litoral sudoeste indiano, foi um importante porto de contato e trocas comerciais com a Arábia e a Pérsia; foi também o quartel geral militar para a costa oeste, durante o domínio do Império Britânico – naquela época “colonial”, era chamada pelos ingleses de Cannanore (assim como Mumbai foi chamada de Bombaim no mesmo período). Portanto, teve um papel historicamente relevante, embora, como disse o Luís, a cidade em si seja pequena. A quem se interessar, dados gerais podem ser obtidos diretamente no site oficial do distrito: http://kannur.nic.in/. No próximo post, vamos comentar o cotidiano das primeiras semanas de curso e da vida do Luís naquela localidade.

HISTÓRIAS MÍNIMAS: "Engordando, não!"

Fato verídico, presenciado pelo blogueiro. Época das festas de final-de-ano, a família e amigos próximos reunidos numa rodada de pizza de início de noite. Entre os presentes, o namorado da prima que eu não via há algum tempo. Nem e nem outras pessoas; o comentário geral era que o dito cujo estava ficando, por assim dizer, "mais fortinho". Chega alguém mais extrovertido e já vai chutando o pau da barraca: "- E aí, fulano! Aproveitando mesmo o Natal... tá engordando, hein!"- suspense geral, será que ele vai dar aquela risada amarela pra disfarçar o incômodo?. Que nada! De chofre, ele já vem com resposta pronta e retificadora: "- Engordando, não! Estamos em expansão para melhor atendê-los". Gargalhadas de todos. Pois é, bom humor é sempre o melhor remédio.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

"A HORA DA ESTRELA" - parte I

O livro mais popular de Clarice Lispector foi exatamente o último que escreveu, “A Hora da Estrela”. Esse livro se tornou tão recomendável por parte dos “formadores de opinião literária” que passou a integrar frequentemente as leituras obrigatórias nas escolas secundárias e as listas da prova de literatura nos vestibulares; também passou a ser extremamente citado entre a “parcela culta da população” (= aqueles que lêem regularmente). “A Hora da Estrela” é uma obra-prima, com o detalhe de ser tão sucinta que pode ser lida de uma levada só. Como todo texto literário de qualidade, possui vários níveis de leitura, mas tem a característica de ser, provavelmente, entre todos os livros de Clarice (abstenção feita de suas obras infantis), aquele que oferece uma interface mais amigável para a primeira aproximação da do leitor. Ou seja: tem uma forma narrativa mais “fácil” de ser lida que os discursos desconcertantes dos textos mais pesados da autora. E tem um humor refinadíssimo, com o qual o personagem-narrador tenta, a todo custo, nos dar uma idéia de quem seja Macabéa, sem que nós, leitores, nos resumamos a sentir pena da protagonista. Afinal, não é fácil retratá-la com dignidade: ela é uma pessoa simplesmente nascida pelo avesso. Teve uma vida absolutamente infeliz mas, por falta de alcance da própria existência, não tem consciência disso (ou mesmo: sequer tem consciência no sentido pleno da palavra). Em entrevista à TV-Cultura, a cineasta Suzana Amaral, que dirigiu o famoso filme baseado nesse livro, num insight muito feliz, disse que considera Macabéa a versão feminina de Macunaíma, uma espécie de grande arquétipo nacional da “heroína-sem-nenhum-caráter”. Não no sentido de que ela seja “mau-caráter”, mas sim, entendendo-se que ela não tem a própria instrumentalidade para a composição de um caráter: é um ser alheio às categorias de julgamento, com uma "proto-consciência" que é uma massa informe. O livro pode ser entendido como uma espécie de biografia de Macabéa, mas, na verdade, temos poucos fatos a serem notados: ela basicamente sobrevive num mundo sem atrativos; tem um trabalho monótono e, nas horas vagas, pouco mais faz além de ter pensamentos irrelevantes e estranhos; se envolve com um rapaz chamado Olímpico, que, aliás, é desinteressado e a trata muito mal. Pois bem, uma colega de trabalho lhe indica uma cartomante – à qual Macabéa comparece, adquirindo momentaneamente uma possibilidade da felicidade, mas apenas como um preâmbulo do escatológico ápice da sua parca existência, que culmina em seu atropelamento (não importa eu ter falado o final da história, pois isso é indiferente: não se trata de uma trama de mistério de um dos livros da inventiva Agatha Christie). Mas, como estamos tratando de Clarice, os fatos pouco importam e são as "repercussões dos fatos" que devemos buscar para tecermos nossas histórias “verdadeiras” - ou melhor, nossas versões das possíveis histórias. Daí a questão de haver entendimentos diversos sobre a autora. Por exemplo, foi em países estrangeiros, Estados Unidos e França, que foram iniciados os estudos de sua faceta como uma escritora feminista, fato que achei deveras curioso, pois esse jamais seria um dos focos principais que eu apontaria em sua obra. Mas, afinal, outros leitores e outros pontos de vista nos ajudam a atentar para aspectos que tínhamos subestimado inicialmente e esses estudos dela com uma faceta feminista também passaram a render frutos no Brasil. A versão cinematográfica de “A Hora da Estrela” deu notoriedade a Suzana Amaral e encontrou na atriz Marcélia Cartaxo uma Macabéa perfeita (não por acaso, a atriz ganhou o prêmio de interpretação no festival de Berlim), correndo mundo e sendo aplaudido efusivamente. O filme, certamente, ajudou a renovar e ampliar o interesse por Clarice Lispector, que sempre foi considerada como “hermética” – no entanto, penso que ela seja mais “diferente” que “difícil”. Atualmente, acredito que esse seja seu livro mais lido, mais até de que seu célebre volume de contos, “Laços de Família”. Num próximo post, vou comentar especificamente a respeito do episódio da cartomante, que é o ponto alto do livro, expondo uma interpretação minha a respeito do que se sucede nesse trecho. Até lá, procurem e leiam “A Hora da Estrela”. Inclusive, para quem nunca leu Clarice, juntamente com alguns contos em particular, é uma ótima forma de começar a penetrar o universo dessa autora única.

"A LENDA DAS SEREIAS, RAINHAS DO MAR": inesquecível samba-enredo.

Em 1976, o carnavalesco Fernando Pinto criou para o Império Serrano o enredo “A Lenda das Sereias, Rainhas do Mar”. Daquele, ele acabou não sendo tão bem sucedido quanto em muitas outras oportunidades (inclusive, já tinha sido campeão pelo próprio Império, em 1972, com o enredo “Alô, alô, Carmem Miranda”, e ainda seria novamente no futuro, pela Mocidade, em 1985, com o enredo “Ziriguidum 2001”), resultando num desfile mediano, que deixou a escola num 7º lugar. Numa época em que só haviam quatro escolas de samba consideradas “grandes” – Portela, Mangueira, Salgueiro e o próprio Império – era uma colocação que significava um verdadeiro fracasso do (discutível) ponto de vista de “obtenção de resultados”. Em tempo: Beija-Flor, Mocidade , Imperatriz e Vila Isabel não haviam ainda ganhado nenhum campeonato; foi exatamente em 1976 que a Beija-Flor surpreendeu e conquistou sua primeira vitória, justamente no ano da estréia de Joãosinho Trinta – então bicampeão pelo Salgueiro – na escola de Nilópolis.

No entanto, esse enredo medianamente desenvolvido rendeu um belíssimo samba-enredo, que ficou no imaginário do Império e de todos os amantes desse gênero – e olha que estamos falando de uma Escola que conta, em seu cartel de composições, com sambas-enredo do quilate de “Aquarela Brasileira” (1964 e reeditado em 2004), “Cinco Bailes Tradicionais da História do Rio” (1965), “Heróis da Liberdade” (1969) e “Bumbum Paticumbum Prugurundum” (1982), entre vários outros.

Pois bem, não bastassem as virtudes originais desse samba, a então nova estrela em ascenção da MPB, Marisa Monte, gravou esse samba em seu primeiro álbum, lançado em 1989, com o nome de “A Lenda das Sereias”, em novo arranjo, com ritmo mais cadenciado e melódico, apenas excluindo a penúltima estrofe da letra – e eu me pergunto, será que a razão foi ela ser portelense e esse trecho fazer referências ao próprio Império Serrano (nas frases“Toda Corte engalanada” e “Vê o Império enamorado”)? De qualquer maneira, com a bela gravação da cantora, esse samba tornou-se conhecido de toda uma nova geração de ouvintes – e mesmo de contingentes de ouvintes das gerações anteriores, entre aqueles que não o conheciam por não serem ligados ao mundo das escolas de samba e nem saberem que ele havia existido.

Após a instituição da possibilidade de se realizar reedições de antigos sambas-enredo (antes de 2004 era proibido apresentar composições que não fossem inéditas), esse samba logo foi objeto de um novo desfile, no carnaval de 2006, pela escola de samba Inocentes de Belford Roxo, então no Grupo B, conseguindo atingir uma boa 3ª. colocação (ainda assim, insuficiente para ascender ao Grupo A, já que só a campeã subiria de grupo, que naquele ano foi a Império da Tijuca, curiosamente, também apresentando uma reedição: “Tijuca: cantos, recantos e encantos”, safra da própria escola do ano de 1986, quando havia desfilado no então Grupo 1-A, equivalente ao atual Grupo Especial, ficando em 12º lugar.)

Eis que agora, para o desfile de 2009, o próprio Império Serrano resolveu reeditar “A Lenda das Sereias, Rainhas do Mar” , apenas modificando – a pedido da atual carnavalesca responsável pelo desenvolvimento do enredo, Márcia Lávia – o título para “A Lenda das Sereias, Mistérios do Mar”. É uma tentativa de superar a grande responsabilidade que a escola terá nesse ano: abrir o desfile de domingo. Para se ter uma idéia da “maldição da abertura”, na era sambódromo, salvo engano meu, nenhuma escola que tenha subido de grupo no ano imediatamente anterior (como o caso do Império, que foi campeão do Grupo de Acesso ano passado, com enredo sobre Carmem Miranda) e que tenha sido a primeira escola a desfilar no domingo conseguiu a façanha de se manter no Grupo Especial (excetuando alguns poucos anos em que não houve descenso de nenhuma escola por acordos entre cartolas). Pelo ânimo que os amantes dos bons sambas manifestaram, em particular da comunidade imperiana, e também pelos primeiros resultados apresentados nos ensaios técnicos realizados pela escola na Marquês de Sapucaí, vê-se que o samba funciona como um grande trunfo – apesar dos temores (procedentes, diga-se de passagem) daqueles que pedem que o samba não seja acelerado demais, fugindo da sua característica melódica original, descaracterizando-o e, inclusive, deixando-o repetitivo demais (a letra é curta para os padrões atuais e, quanto mais rápido o andamento, mais vezes o samba será executado na Avenida).

Grande parte das autoridades do mundo do samba, aliás, apresenta críticas quanto à sistemática de reedição, argumentando que, por melhor que sejam os clássicos sambas-enredo do passado, reeditá-los só prejudicaria a própria continuidade do gênero, ao tirar espaço dos compositores atuais; para a ala de compositores, é sempre uma má notícia, pois significa ficar um carnaval inteiro sem compor e realizar a importante temporada de escolha do samba-enredo. Essa preocupação tem sua razão de ser, mas penso que reeditar um samba-enredo pode ter exatamente o efeito positivo ao funcionar como um exemplo que, atualizado por uma nova gravação, venha a inspirar toda uma nova geração de sambistas. E, aliás, basta dar uma olhada na safra desse ano: a despeito de uma média aceitável no nível das composições inéditas, o samba do Império Serrano, já com 32 anos nas costas, apresenta uma superioridade tão evidente que fica difícil defender o impedimento das reedições. Escolhidas com bom senso e sem exageros, elas só tem a somar para o nível dos desfiles atuais e futuros.

Resumo da ópera: aproveitando gancho do tema marinho da composição, podemos falar, com toda propriedade, que “A Lenda das Sereis, Rainhas do Mar” se trata de uma autêntica e perfeita pérola da música popular brasileira.

Em tempo: obviamente, eu não guardo de cabeça todas as colocações ano-a-ano; na medida do possível, para não cometer erros, me utilizo de fontes de consulta no assunto. Especificamente para os resultados, indico o seguinte site:

http://www.academiadosamba.com.br/memoriasamba/desfiles/index.htm

Para completar esse post da melhor forma, nada melhor do que apresentar a letra da música por ela mesma - para ouvir, basta buscar no youtube. Na foto, uma visão geral do desfile original, de 1976.


“A LENDA DAS SEREIAS, RAINHAS DO MAR”
Compositores: Vicente Mattos, Dinoel e Arlindo Velloso

O mar, misterioso mar
Que vem do horizonte
É o berço das sereias
Lendário e fascinante
Olha o canto da sereia
Ialaô, oquê, ialoá
Em noite de lua cheia
Ouço a sereia cantar
E o luar sorrindo
Então se encanta
Com a doce melodia
Os madrigais vão despertar

Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço das ondas
A paz ela semeia

Toda Corte engalanada
Transformando o mar em flor
Vê o Império enamorado
Chegar à morada do amor

Oguntê, Marabô
Caiala e Sobá
Oloxum, Inaê
Janaína e Iemanjá


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

20 DE JANEIRO - DIA DE SÃO SEBASTIÃO

Amanhã é feriado na cidade do Rio de Janeiro por ser dia do seu padroeiro, São Sebastião. Nesse ano, feriadão extendido, pois cai numa terça-feira. Já fui católico praticante até a adolescência, mas desde então não sou mais. Isso não me impede de admirar alguns santos oriundos da cultura cristã-católica, pois, antes de tudo, eles foram pessoas como nós e representam grandes arquétipos, cujo estudo só pode ser benéfico para nosso auto-conhecimento. Entre essas personalidades que admiro está São Sebastião, que sempre contou com grande devoção no Brasil; nos cultos de influência afro-brasileira, foi sincretizado com o orixá Oxóssi ou mesmo com Obaluayê-Omolu; juntamente com Nossa Sra. da Imaculada Conceição, é patrono da Portela, escola de samba que todos os anos, em 20 de janeiro, realiza um dia inteiro de festas religiosas e profanas em sua homenagem. Segundo sua hagiografia, teria nascido na segunda metade do século III d.C.; integrou o exército romano, no qual se destacou rapidamente, tornando-se um dos oficiais mais importantes dos Imperadores Diocleciano e Maximiano (ambos dividiram a regência do Império nessa época). Só que havia uma pedra no meio do caminho: Sebastião era cristão e viveu numa época ainda de grande perseguição. Era um firme praticante de sua fé; denunciado ao Imperador, recusou-se a abjurar, tendo sido condenado a morrer por flechadas – situação que foi imortalizada na sua iconografia.

Para ilustrar esse post, escolhi uma expressiva pintura de Guido Reni, que se encontra no Museo del Prado, Madrid (foto do acervo pessoal, tirada in loco pelo blogueiro).

Curiosamente, ele não morreu dessa forma: seu corpo cravado de flechas foi miraculosamente tratado por uma piedosa cristã, Santa Irene (uma fiel que também foi canonizada). Totalmente restabelecido, Sebastião, para total espanto do Imperador, apresentou-se novamente diante dele, defendendo seus ideais; dessa vez, foi açoitado até a morte. É considerado o protetor contra a peste e epidemias. Mas há controvérsias: o lado “B” da história sustenta que a morte de Sebastião teria sido o ato final de uma trágica trama de paixão e ódio entre ele e o Imperador – por essa razão, ao arrepio da Santa Madra(sta) Igreja, o santo foi tomado como padroeiro dos homossexuais e, por extensão, dos marginalizados em geral. De qualquer forma, mesmo os dados canônicos são incertos – daí ser correto usar exatamente o termo hagiografia, pois não há como falar em biografia histórica. De forma surpreendente e, a princípio, incompreensível, a iconografia clássica do santo acabou sendo utilizada com um viés sexual, erotizando seu martírio. Alguns dos inúmeros quadros que lhe foram dedicadas (e ele foi um dos personagens religiosos mais retratados na história da pintura) chegam a desconcertar pela mistura de dor e sedução. Mas, depois de Freud, não há o que não possa ser explicado. E essa sexualização se disseminou no imaginário popular - vejam só, me lembro até que o Paulo Ricardo pós-RPM fez um álbum intitulado “O amor me escolheu”, no qual aparece na capa caracterizado como São Sebastião...

sábado, 17 de janeiro de 2009

ECOS DA ÍNDIA II

Recebi as primeiras impressões de nosso enviado à Ìndia por meio de torpedos. Elas davam conta de um mundo novo e insuspeito, mas que aos poucos foi sendo conquistado com a curiosidade de um viajante. E uso, conscientemente, a palavra "viajante" porque o Luís não é simplesmente um turista: ele não quer conhecer uma Índia dos cartões-postais nem dos guias ilustrados. Para nossa sorte (pois que usufruiremos de suas descobertas), ele desde sempre quis mergulhar na alma daquele país, imiscuir-se numa cultura milenar, conviver com as vidas possíveis naquele país que não é de forma alguma algo homogênio. A Índia é um caldeirão cultural, têm-se religiões, culinárias, línguas, enfim, culturas muito diversas - algo que não representa surpresa alguma a nós, brasileiros, pois vivemos num país continental e somos reconhecidos pela nossa diversidade e convivência pacífica, embora, por exemplo, aqui tenhamos idioma único (apenas com sotaques diferentes) e uma religião cristã hegemônica (que, a bem da verdade, convive com toda e qualquer outra forma de crença: o brasileiro é fundamentalmente sincrético na sua Fé).
Para se chegar à Ìndia, têm-se necessariamente de fazer uso de conexões, não temos uma ponte-aérea para lá. Nosso enviado optou pela South Africa, que parece ser um dos caminhos mais breves. Se você for para um grande centro, tal como Mumbai (a Bombaim dos ingleses), ainda que ao custo de transbordos, conseguirá chegar via aérea. Mas ele foi para o interior, no sul daquele sub-continente, então teve de fazer uso de transporte inter-modal: além do avião, também trem e automóvel. Aliás, nosso enviado não ficará sozinho o tempo todo: num primeiro instante, ele está em companhia do grupo de estudantes brasileiros com os quais está fazendo o curso de Ayurveda; depois, irá com alguns deles fazer um estágio técnico, que é opcional, no hospital que fica localizado no Templo de Sri Dhanvantari (que é o deus da medicina) - você podem ver o Templo na foto que ilustra esse post. Por fim, fará um giro por outros lugares da Índia antes de retornar ao Brasil, aterrissando em pleno Carnaval, completando sua aventura de dois meses. No próximo post dessa série, comento as primeiras impressões dele após pisar no solo que é sagrado para as vacas.

AUSTRALIAN OPEN 2009

Como prometido, vou falar algo sobre o Aberto da Austrália, que marca o primeiro grande momento tenístico da temporada. Ocorrido o sorteio, já sabemos que Nadal e Murray caíram na chave de cima e Federer e Djokovic na de baixo. Esses são os quatro primeiros do ranking e os grandes favoritos, mas tenho algo a comentar sobre cada um deles:

1) Nadal, o primeiro do ranking, tetracampeão de Roland Garros e campeão de Wimbledon, nunca ganhou um Grand Slam em quadras duras - sua melhor colocação foi uma semi-final, ano passado nesse mesmo torneio. Como atenuante a esse, digamos, discreto retrospecto, o jogador tem a favor algumas histórias de sucesso em superfícies similares: já ter ganho Master Series e ter sido medalha de ouro em simples nas Olimpíadas de Pequim;

2) Federer, ainda se acostumando com o fato de ser apenas o segundo do ranking, tem um histórico brilhante nesse torneio: três vezes campeão nos últimos cinco anos (e, curiosamente, perdeu em semis para o virtual campeão nos outros dois anos). No entanto, após a histórica derrota para Nadal em Wimbledom-2008, entrou numa montanha-russa de resultados, alternando vitórias contundentes com derrotas até então inesperadas;

3) Novak Djokovic, 3º do ranking, em 2007 projetou-se como grande promessa e então venceu Federer nas semis e (um inesperado) Tsonga na final do ano passado - sendo, portanto, o atual campeão do Autralian Open - tendo faturado, no fechamento de 2008, o título do Masters. No entanto, teve um início de temporada instável, perdendo precocemente nos três torneios de que participou, colocando em xeque sua capacidade real de defender o título;

4) Andy Murray, 4º do ranking, que estourou no segundo do semestre de 2008 (perdendo a chance de ganhar seu primeiro GS no US Open, parando na final diante de Federer) e começou arrasador em 2009 - logo no primeiro torneio de exibição eliminou Federer e derrotou Nadal na final, tendo faturado o torneio de Doha na sequência. É apontado como o "cara da vez": lidera a bolsa de apostas para ser o campeão do primeiro Slam do ano, entrando para o restrito clube dos grandes campeões.

Ou seja, temos um fato bastante curioso: o quarto colocado do ranking, devido a um momento de franca ascendência, consegue canalizar mais expectativas que os três melhores colocados no ranking, todos campeões de Slams, mas que estão em situação adversa, cada um a seu modo. Mas isso é um consenso dos especialistas, eu estou apenas reproduzindo o que a turba comenta incessantemente. E qual a minha opinião pessoal? Bom, apesar de toda a reconhecida força do Nadal, penso que ele já iria longe se reprisasse a semi do ano passado e que seria uma razoável surpresa se ele vencesse; o Djokovic realmente não me passa muita confiança, e já demonstrou algumas vezes que têm dificuldades em jogar sob pressão; Federer é um incógnita, pois sempre pode apresentar seus lampejos de genialidade, mas pode ser pego em momentos de fragilidade que são mortais num torneio desse porte. Apesar de torcer por uma surpreendente vitória do Nadal, vou com a maioria e aponto Murray como favorito absoluto. E acrescento: seria um campeão de alta estirpe, com todos os méritos. A intensidade com que ele se dedicou ao aprimoramento físico e técnico é louvável e está apenas colhendo os frutos que plantou - claro, ajudado pelo terreno fértil do talento nato que certamente tem. Como última nota, no entanto, pode-se relembrar que o AO é um torneio famoso por apresentar surpresas inesperadas, então, estejamos atentos.



O escocês Andy Murray mira muito mais que uma bolinha: segundo os especialistas, ele é o franco favorito para levar o Australian Open de 2009 e consagrar-se campeão do primeiro Grand Slam de sua carreira.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

CRÍTICA: "UM CONTO DE NATAL"

O último filme que vi em 2008, no dia 23, quase véspera de Natal, foi o francês “Um Conto de Natal”, título algo irônico, pois trata-se, na verdade, de um “anti-Natal”, ou, ao menos, muito diferente do Natal como entendido nos filmes do “mainstream”. O enredo gira em torno de súbita doença da matriarca Junon (Catherine Deneuve), que para não morrer necessita de alguém compatível que possa lhe fazer uma doação de medula. Há, também, uma história similar do passado, que decorreu na morte de seu primeiro filho. De certa forma, ocorre uma centralização na figura de Junon e também uma forte polarização com um dos filhos, Henri (Mathieu Amalric), entre os quais se configura uma relação mutuamente impregnada de ódio - ou melhor: desprezo. Mesmo assim, os dramas diversos de cada um dos membros e agregados da família têm seu tempo e lugar no roteiro. O filme mostra, com uma pujante autenticidade que supera as idealizações, os atritos oriundos de pensamentos/sentimentos normalmente incofessáveis nas relações humanas. Em geral, não suportamos nem a fragilidade e nem a sinceridade de nós mesmos e dos outros; nossos atos e diálogos reais são todos “podados” por um cuidado em “não machucar” e nem “ser machucado”, o que nos leva a escamotear verdades brutas para que o cenário de sonhos não seja danificado. Em prol de uma tranqüilidade de superfícies, não mergulhamos em águas profundas, que certamente podem ser perigosas, mas sem o que a essência dos nossos laços afetivos não é atingida. Na família de “Um Conto de Natal”, essas privações de liberdade não existem, as pessoas sempre encontram alguma forma de se expressar, sem que isso destrua as ligações viscerais que há entre elas. Mesmo quando se agridem, ou principalmente nesse momento, demonstram uma exemplar intimidade, aquela especial intimidade que sobrevive a quaisquer ações ou palavras dos momentos isolados. Cada tempestade, por pior que seja, se esgota por si mesma – e, após o soco no estômago vazio, todos se sentam para jantar e seria possível pedir ao seu “agressor” o favor de passar o azeite, ao que o mesmo atenderia com toda urbanidade. Destaque para a cena do franco diálogo entre a mãe e o filho-problema, à noite, no balanço da parte de fora da casa, um momento-chave paradigmático e que resume, por assim dizer, o “ethos” do filme. Todo o elenco atua de forma elogiável, com especial evidência para a protagonista Deneuve, que representa a essência da alma francesa e prova, cada vez mais, ser um caso raro de talento e beleza que parecem ser eternos. Esse foi, certamente, um dos melhores filmes de 2008, mas não é para todos os paladares: a muitos, parecerá uma chata tergiversação, que nada acrescenta, recheada de absurdos desvios familiares rodrigueanos. Essas opiniões, claro, devem ser respeitadas. Em tempo, graças a Luiz Carlos Merten (vide http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081224/not_imp298414,0.php), descobri que o texto declamado no início é de Ralph Waldo Emerson, escrito como forma de superação da perda de seu próprio filho, cuja leitura provocou a estupefação inicial do diretor, Arnaud Desplechin. Não por acaso, na ceia de Natal, Junon ganha de presente exatamente um livro de Emerson, como poderão ver, de relance, os cinéfilos mais atentos. Cotação: ÓTIMO.

Se digladiam em família e vão ao cinema, digo, à igreja: o filho desprezado, Henri (Amalric), acompanha a mãe, Junon (Deneuve) - mesmo não sendo religiosa, ela tem o hábito de ir à missa do galo na noite de Natal.

OUVINDO NO BANHO - 15/01/09 - A FLAUTA MÁGICA

Entre o Pink Floy da manhã de ontem e a noite de hoje, ouvi muita coisa, mas o momento relaxante do banho foi de quatro árias da “Flauta Mágica”, de Mozart: as duas da Rainha da Noite (“O zittre nicht” e “Der Holle Rache”), interpretada por Wilma Lipp, e duas de Sarastro (“Isis und Osiris” e “In diesen heil´gen Hallen”), interpretado por Kurt Bohme – ambos sob a batuta de Karl Bohm regendo Wiener Philarmoniker. As fotos dos dois grandes cantores estão ao lado. Essas quatro árias são simplesmente espetaculares e, na extensão vocal, são como que antípodas: o basso-profundo de Sarastro em contraposição ao soprano-coloratura da Rainha da Noite. Esse post é só pra constar o que estou ouvindo no momento, então não é oportunidade, ainda, de falar dessas brilhantes árias e das desafiadoras dificuldades em cantá-las. Mas podem ter certeza que vou voltar ao assunto.

TÊNIS - REVENDO RAPIDAMENTE 2008

Não tenho capacitação técnica alguma para ser um grande entendido de tênis. Mas é óbvio que o esporte como um todo (e não apenas o tênis) não existe unicamente para técnicos e especialistas: ele existe para os fãs, ou seja, os torcedores, os quais são a razão de sua importância (alguém já imaginou um Campeonato Brasileiro sem a emoção e a festa quase dionísica das torcidas? nem eu!). Então, falo como leigo, levado mais pelos sentimentos que pelas razões técnicas fundamentadas. O ano tenístico de 2008 foi surpreendente: começou como a antevisão da consagração final de Federer, que contava os dias para se celebrizar como o maior ganhador de Grand Slams da história profissional, mas o que se viu foi uma avanço do touro Nadal, em um nível que só os maiores fãs do tenista espanhol sonhavam. Dois jogos entre as duas feras, em particular, foram paradigmáticos. O primeiro deles foi o anticlímax da final de Roland Garros, onde um Nadal visivelmente desconcertado com o inusitado da situação simplesmente (para usar um termo brando...) humilhou um Federar tão dominado e apático que sequer pareceu constrangido (será que ele já se acomodou com a “síndrome de Sampras” de nunca ganhar o Aberto da França, única falta na sua surpreendente carreira?). Se vocês acham que estou pintando cores fortes demais, basta relembrar o placar daquela partida: 6/1, 6/3 e 6/0 - isso mesmo: um massacrante “pneu” no terceiro e último set. O segundo jogo, final de Wimbledom, foi o clímax do ano, um épico que só acabou já de noite, no qual Nadal começou ganhando dois sets, perdeu outros dois, e tudo foi decidido no quinto e derradeiro set. E, contra todas as previsões fundamentadas, Federer perdeu onde menos se esperava, justamente quando poderia se tornar um inédito hexacampeão em anos seguidos do torneiro. Salvou seu “fraco” ano ganhando o US Open. Essa rivalidade, dando seqüência aos anos imediatamente anteriores, pontuou todo o ano de 2008 - rivalidade muito saudável para o esporte e para a vida, pois, na verdade (cada qual a seu modo), são dois grandes “gentlemen”, dentro e fora da quadra. Essa polarização se reproduziu nos números do ranking, que começou com Federer na ponta, continuando sua seqüência recorde de semanas, e inverteu-se com Nadal, após três anos de espera na ante-sala (um recorde de permanência na segunda colocação), assumindo o ranking. Só dois fatos - que não podem ser subestimados - evitaram o total monopólio desses líderes: 1) Novak Djokovic, que começou muito bem o ano, ganhando seu primeiro Grand Slam na Austrália - além de ganhar dois Master Series no primeiro semestre - mas que, afora o título no Masters Masculino no final do ano, decepcionou no restante da temporada; 2) o surpreendente e inequívoco progresso, tanto físico quanto tático, de Andy Murray, que após um morno primeiro semestre, a partir de agosto deslanchou e por pouco também não ganha seu primeiro Slam (foi derrotado pela fenix-Federer, que mais do que nunca precisava de um resultado convincente). Logo vou fazer um post comentando minhas expectativas para o Australian Open, que está para começar. Sobre o tênis feminino, pouco têm-se a falar. Com a instabilidade das irmãs Williams e a aposentadoria de Henin, restou um vácuo quase absoluto, abstração feita aos atrativos físicos de algumas tenistas. Bons tempos aqueles da “verdadeira” (= anterior ao atentado) Monica Seles, da qual fui um ardoroso fã. Em tempo: minhas fontes quase diárias de informação sobre tênis são http://www.tenisbrasil.com.br/ e http://www.tenisnews.com.br/ , dos quais indico, além das notícias, as colunas de Dalcin (tenisbrasil) e Gazallas (tenisnews) - além do Paulo Cleto (colunistas.ig.com.br/paulocleto).

Federer (esq.) e Nadal (dir.) , já de noite, tiram fotos com os troféus de vice-campeão e campeão logo após o encerramento da final de Wimbledom 2008: esse jogo foi o momento-chave da passagem do bastão de primeiro do ranking.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

ESCOLAS DE SAMBA












No desfile da Portela em 2008, uma alegoria de impacto: um bebê desnutrido se transoformava em outro saudável num certo momento da letra do samba.

Vamos falar de um assunto que gosto muito: Carnaval. No caso, em particular, Escolas de Samba. Pode parecer estranho, afinal, sou praticamente um peixe fora d´água, nunca morei no Rio, nunca freqüentei quadra das Escolas e só fui pessoalmente à Sapucaí em uma única oportunidade. Mas sempre gostei da cultura dos desfiles, dos sambas-enredo e da pujança dessa manifestação cultural. Assim, fui “plugado” nesse mundo via “ponto de luz na imensidão” (ou seja, a TV, segundo uma descrição poética do último enredo que o Joãosinho Trinta fez na Beija-Flor), que há um bom tempo já faz as transmissões que mostrando um pouco daquele espetáculo, levando-o mesmo a nós que estávamos tão longe de tudo aquilo que acontecia. Naquela época, anos 80, era difícil ter notícias do mundo das Escolas... de vez em quando uma nota nos jornais (em particular nos do Rio, tais como “O Globo” e “Jornal do Brasil”), às vezes uma matéria de meia página ou página inteira, o que já era pra festejar. Em janeiro, nos telejornais locais cariocas, exibiam matérias mostrando algo dos preparativos nos barracões e dava para ter uma pálida idéia do que as Escolas estavam preparando. Mas as notícias eram precárias, tudo só seria revelado durante o deslfile em si, no dia do carnaval (lembrem-se, até 1983 os desfiles do grupo principal era num só dia, domingo; daí veio o sambódromo em 1984, com a novidade de dois dias). Mas a internet, como todos sabem, revolucionou nosso acesso à informação. E não poderia ser diferente com relação ao samba. Hoje em dia, temos acesso on-line às informações em questão de minutos ou até segundos. Há sites ou colunas especializadas, com jornalistas e aficcionados que, para nossa total satisfação e com todo nosso agradecimento, fazem nossa ligação com o agitado mundo das agremiações. Se alguém quiser conferir, eu acesso quase que diariamente três sites que me mantêm informado:
Abre parênteses: nesse último site, de “O Dia”, estão hospedados os blogs do Milton Cunha, um agitador do carnaval par excellence, atual carnavalesco da Viradouro, ao qual desejo muito “axé”, e o do Daniel Pereira, um jovem sambista do qual não tinha referências anteriores, embora o pessoal do meio deva saber de quem se trata, do qual admiro o bom-humor e franqueza. Fecha parênteses. E uma coisa importante: o mundo das Escolas de Samba não se limita ao Carnaval e nem muito menos às semanas que antecedem os desfiles propriamente ditos. Ele fervilha o ano todo, as agremiações têm atividade para todos os meses. Por exemplo, mal acaba o desfile na madrugada de segunda pra terça (nem abertos ainda os envelopes) e as negociações pro próximo ano já começam. Às vezes, nem isso: alguns já anunciam mudanças para o ano seguinte com a Escola ainda na concentração no presente ano. E há todo um calendário, em parte formal, em parte informal, estabelecido para o decorrer do ano: as definições de quem fica e de quem muda de escola, a determinação dos enredos, o sorteio da ordem dos desfiles (que, para vocês terem idéia, tem ocorrido em junho!), o processo de escolha do samba enredo, que leva várias semanas e empolga as torcidas, a gravação do disco oficial lá por volta de outubro, a apresentação dos protótipos de fantasias (que nem todas Escolas fazem, mas que tem ocasião de grandes festas) o trabalho duro das alegorias e fantasias nos meses da virada do ano. Além de festas que cada agremiação opta por fazer, tais como as feijoadas mensais ou encontros com co-irmãs que são chamadas para festas conjuntas na quadra de uma delas. Ou seja, é todo um mundo com vida própria - e quem é de fora e nunca parou para prestar atenção, nem imagina que existe ou que funcione assim. É verdade que nem tudo são flores: o mundo competitivo e a realidade de grandes contrastes sociais provocam problemas, mal entendidos e suspeitas de ligações com contravenções e crimes. Mas esse lado obscuro é a exceção à regra. A comunidade tem sobretudo um caráter inclusivo e toda uma forma festiva de viver e gozar a vida naquilo que ela tem de melhor. “Gira, gira, meu povo; deixe a vida girar; no final desta gira; só o amor encontrar” – já dizia o belíssimo samba-enredo que Jonas, Lino Roberto e Tião Grande fizeram para a Vila Isabel em 1981. Mas esse post está ficando muito extenso... de qualquer forma, ele é apenas um manifesto inicial de amor às Escolas de Samba. E, aos poucos, vocês verão que elas não representam apenas ilusões e dinheiro “jogado fora” em fantasias que acabam na quarta-feira-de-cinzas (ou após o desfile das campeãs, no sábado seguinte, para as felizardas). As Escolas têm uma história cultural riquíssima e foi do encontro da cultura popular delas com acadêmicos da Belas-Artes que se consolidou uma manifestação tão importante que conseguiu revolucionar a forma de entender a própria História do Brasil. Mas essa já é uma outra história... aguardem e chegaremos lá!

ECOS DA ÍNDIA I

O Luís é um dos amigos que mais gosto de estar e conversar. Ele é um executivo de sucesso, sempre atuando em organizações socialmente focadas. Mas não tem nada a ver com aquele tipo "yuppie", tão comum nos anos 80 (esse estereótipo desapareceu? depois de "A Fogueira das Vaidades", não ouvi falar mais deles...). Muito pelo contrário, tem um componente todo humanístico e espiritual. Além de ter ótimo senso de humor, o que é essencial para conviver (bem) comigo. Pois bem, ele resolveu fazer um profundo curso de formação ayurvédica, que é a ciência medicinal milenar indiana. Não vou explicar do que se trata, pois basta dar um "google" e vocês poderão achar bibliotecas virtuais inteiras sobre o assunto, explicando com muito mais propriedade do que eu. Voltando: ele fez meses de um rigoroso estudo cá nas terras tupiniquins e, no final de dezembro, zarpou para a pátria-mater do Ayurveda para fazer um módulo de estudos e um estágio in loco com os mestres indianos. De forma que, nesse exato momento, ele se encontra vivenciando o dia-a-dia na terra onde as vacas são sagradas. Ele mal tem tempo de acessar a internet, mas tenho estado momentaneamente em contato por torpedos e, bissextamente, por e-mail. Como o Luís não tem um blog, não está repassando essa magnífica experiência para o público, mas, com o tempo, vou dividindo com todos as impressões que ele nos enviar... ele será, portanto, nosso enviado especial à Ìndia. Em tempo: ele é um tenaz praticante de tantra yoga, assunto que temos em comum, pois tb sou um (não tão tenaz) praticante de hatha yoga e há algum tempo estudo o assunto.






N A M A S T Ê !

OUVINDO AO ACORDAR - 14/01/09 - PINK FLOYD

"WISH YOU WERE HERE" - PINK FLOYD.

Uma das bandas que mais gosto, embora tenha conhecimento de um ouvinte "quase-leigo". O som do Pink Floyd ajuda a "viajar" e escutei o álbum ontem à noite e acordei ouvindo-o hj pela manhã. Eles ainda vão aparecer muito nas minhas "hit parade". Se quiserem saber mais detalhes desse álbum, podem começar por aqui:
Ouçam também - quem tiver bom gosto vai curtir. rs.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

MAIS DO VANDER: NOSSO FUTURO SITE

Pois é, além desse blog que vos fala, e do blog do Vander, o mais importante pra falar a todos: nós dois estamos elaborando um site sobre Filosofia, Arte e outros assuntos conexos. Vamos tentar fazer assim: eu tenho meu blog, ele tem o dele e nós dois teremos um site mais conceitual para tentar contribuir com a produção própria de conhecimento. Isso mesmo: não pretendemos ser simples repassadores de informações, isso todos podem acessar em inúmeros sites, basta procurar por palavras no google (seja louvado!). Pretendemos dar uma contribuição pessoal, de leigos que somos, mas buscando novas formas de ler e entender, e fazer nossos futuros leitores pensarem por si próprios também. Sem pretensões fantasiosas e nem muito menos falsa modéstia incapacitante. Vamos todos entrar na onda do "sem saber que era impossível, foi lá e fez". É a comunidade virtual fazendo o conhecimento se multiplicar. O site, no entanto, ainda não existe. Assim que vier à lume, atualizaremos as informações e indicaremos aqui para quem quiser acessar. E la nave va!

O BLOG DO VANDER

No post anterior eu falei: adoro música, vivo ouvindo algo, tenho trilha sonora... mas comentei que sou meio "parado no tempo", não tenho esse radiotelescópio sempre atento às novidades. Mas não se desesperem e nem se decepcionem comigo, pois vou dar uma dica: basta irem atrás do blog do meu amigo Vander. O Vander entende de música que se faz em qualquer garagem desse planeta - desde que essa garagem tenha uma conexão com a internet que reverbere os sons para toda e qualquer caixinha de som que quiser sintonizá-los. Ele é meu consultor-mor para saber o que está rolando e é graças aos seus préstimos que ainda não virei uma múmia sonora, toda enroladinho nas gazes da música da época da radiola... pelos meus gostos musicais vocês verão que parei na estrada do tempo sonoro. Pelo menos, ele me indica coisas e grava umas amostragens do que está rolando de tempos em tempos. Só fico realmente conectado ao que está acontecendo na produção musical da Madonna, graças a sites como o http://www.madonnaonline.com.br/ , que é um dos melhores (se não o melhor dos) sites "madônicos" em português (acessem, vão encontrar quase tudo que sabe sobre a rainha do pop por lá). Mas, voltando ao Vander, só não sei quando vai colocar o blog dele no ar... já me disse que tem 3 reviews para publicar... assim que ele disponibilizar, indico o endereço aqui e vocês poderão acessar por si próprios.

MERGULHO NA BLOGOSFERA


A imagem aí ao lado é para ilustrar esse que é um começo: o "fiat lux" desse blog. Bom, o que falar nesse primeiro post, que nada mais é senão um teste, cujos leitores únicos, por enquanto, somos Eu, Eu Mesmo e Irene... só pela citação já dá pra perceber que sou vidrado em CINEMA. Então, pegando esse gancho, vamos falar do que esperar desse blog... o que vamos encontrar por aqui? Basicamente, um pouco de quase tudo que há pelos caminhos desse Universo em que vivemos - surge outro grande assunto que muito me interessa, ASTRONOMIA - e também a FÍSICA que busca incessantemente o fundamento da realidade em que vivemos. Sendo impensável fazer qualquer viagem sem ter um bom som ao alcance dos ouvidos - e minha vida tem trilha sonora, não sou um filme do cinema-mudo - também haverá muita MÚSICA. Não exatamente música de vanguarda, nem de lançamentos, pois sou um pouco off-line das novidades, então será mais um vasto panorama das músicas de todos os tempos (de Palestrina a Madonna! aliás, Madonna aparecerá muito por aqui...). Outra grande característica minha é que sempre estou ou cercado ou carregando LIVROS, sou um leitor voraz, então eles sempre estarão por aqui - e já posso indicar alguém que sempre será citada, a sempre única CLARICE LISPECTOR. Mais artes e o TEATRO também será uma referência: as grandes tragédias e comédias gregas - ÉSQUILO, SÓFOCLES, EURÍPEDES - e clássicos de todas as épocas, mas em particular algo de SHAKESPEARE e tudo de NELSON RODRIGUES. Outros dois assuntos quer rondarão nossos contatos serão a FILOSOFIA em toda sua extensão e a PSICANÁLISE em todas as suas vertentes: FREUD, JUNG, KLEIN, REICH. Também haverá muita coisa ligada à ESPIRITUALIDADE em geral, de toda e qualquer vertente que houver e que fizer algum sentido para mim - espero, sempre com bom senso. E, PRINCIPALMENTE, o cotidiano como ele é, como ele for se compondo... com direito a todo e qualquer fato que se fizer pertinente, mesmo que seja aparentemente irrelevante. Mas, sobretudo, sendo eu quase um ser "off-line" (e não apenas no contato com a vanguarda da música!), esse blog será um aprendizado diário para ser compartilhado. Sim, compartilhado, pois espero que os leitores e comentadores venham, se acostumem e também contribuam. E ainda surgirão muitos assuntos que esqueci de citar agora ou então que nem me passa pela cabeça no momento, mas que serão importantes em algum momento. Como disse Guimarães Rosa: "Mestre não é quem ensina; Mestre é quem, de repente, aprende". Mas como formar um grupo de leitores-colaboradores? That´s a good question! Vou ter de descobrir esse caminho específico dentro do nosso Universo... senão acabarei ficando apenas Eu, sem até Eu Mesmo e nem a Irene... Avante!